O próximo poema fará alusão ao último poema do meu livro Rota das Andorinhas. Ambos os poemas estão interligados de uma forma muito especial. Porquê? Porque hoje chegou o dia e esse meu último poema antecipava a chegada deste mesmo dia: O dia do reencontro.
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Praia do Carvoeiro (Algarve) — Portugal
O sol sorri para mim após centenas de dias nublados, As memórias imperecíveis permanecem comigo lado a lado, As do meu último poema, E as andorinhas também, Hoje elas acordaram para me dizer, Que voltaram. Que eu posso guardar o envelope da saudade, Não só porque o tempo voa mas as memórias não, Mas porque hoje chegou o dia do voo – do mais especial, O voo onde a saudade mistura-se com a emoção, Onde a aterragem culmina com o finalmente, Com o reencontro teimosamente tardio. Após marés incontáveis, Hoje também o sal me escorre pela face, Na praia do meu coração, Como a erosão que pule as conchas E as transforma magicamente em areia, Assim sou eu, Cada vez que volto e os meus olhos pousam Nesta extraordinária paisagem, E o abraço encontra os meus, E encontra tudo o que os meus olhos voltam a rever, E hoje aqui estão, Os meus olhos e o meu coração cada vez mais repletos, O meu ser em êxtase e em adoração, Se isto fosse uma competição de brilho, Eu ganharia ao sol, Sinto-me a levitar. É mais do que certo, Por muitas marés que estejam para chegar, Há coisas que jamais irão mudar, Eu estarei sempre interligada a estas outrora conchas, As minhas mãos recebem os grãos de areia, Em tom de aprovação, Sorrio, sabendo que ambas iremos eternamente pertencer a este mar, Por mais voltas que a vida nos dê, Não há nada como regressar ao lugar Que nos poliu e viu transformar, E o quão bom é voltar, Olá Minha Terra! Estou de volta.
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