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Países Baixos, 2024
O outono chegou,
E o sopro do vento as folhas carrega,
Cada uma o meu coração aconchega,
Agarro nas memórias do verão,
Apanho estas folhas do chão.
Como quem não quer perder a essência,
Relembro que passou mais uma estação,
Relembro o mês de Julho.
Como a árvore que se mantém firme,
Depois de perder as folhas,
Eu vejo pelos olhos que ela não tem,
A minha mão carrega-as,
Por ela que não pode,
E que ainda assim aceita o seu destino.
Assim sou eu ao recordar,
Relembro o meu querido mês de Julho,
Revejo-me a dar o meu último mergulho.
Tal como a árvore sem visão,
Vemos e sentimos ao recordar,
Ela sabe, só voei uma vez este verão,
Para o cantinho do meu coração.
Empaticamente entrega-me as suas folhas,
Sabe porque sacrifico mais uma estação,
Ela ouve o meu coração.
Pergunto-me onde esconde o dela.
Sei que o tem acesso na sua favorita estação.
O seu verde glorioso sorriu para mim nos dias de verão,
Os seus troncos ostentaram uma beleza sem igual,
Em camadas de esperança,
Na floresta, deixaram a sua marca.
Eu vi a rainha do bosque,
Que não será tombada.
Relembrando, sorrio,
No seu auge brilhou,
E viu-me brilhar quando os meus olhos
Lhe mostraram o oceano e os meus,
Resta-nos recordar, depois do adeus,
As memórias maravilhosas que o outono não levou,
Mas encarregou de trazer de volta,
Aqui, aos nossos pés,
Está o verde que o outono carregou.
As duas em silêncio levantamos voo.
Ambas sabemos os sacrifícios de uma nova estação,
Mas aqui nos mantemos firmes,
Com as raízes da nossa terra que nos prendem ao chão.
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