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Gota de Orvalho (Países Baixos, 2021)
Na floresta desnuda,
A Primavera tarda em chegar,
As flores não brotam,
Os pássaros tardam em procriar,
A vida atrasa,
Como aquele abraço que tarda em se concretizar.
Os pés traçam o caminho agora aquoso,
O sol tarda em brilhar,
Uma nuvem assombra esta ausência secular,
A água da chuva dissimula o caminho de regresso,
Mas jamais apagará aquele que levamos ao peito,
Mesmo num mundo desfeito,
Nas gotas de orvalho,
Repousam as nossas lembranças,
A esperança,
E a nossa perseverança.
Como o verde que se perdeu,
Muitos estagnaram no caminho,
Desnudos como as árvores,
Aguardam por um novo brilho,
Mas quem espera nunca alcança,
Quem espera,
Jamais verá a Primavera,
E os pássaros procriar,
Mas quem não desiste,
Vê sempre as gotas de orvalho,
E o seu próprio brilho manifesta,
Sem seguir um atalho,
A vida ganha outra forma no seio da Floresta.
Do cimo dos troncos os pássaros celebram,
Um outro ser,
Que mesmo sem asas,
Eles conseguem simbolicamente reconhecer,
Aquele mirífico ser que do caminho não contesta,
Aquele ser humano que jamais se perderá naquela, outrora,
Desnuda Floresta.
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