Estamos em finais de Julho, no pico do Verão, e como tal, decidi dar a conhecer uma boa opção para quem quiser desfrutar, não só de uma visita cultural aos Países Baixos mas também daquela que é a praia mais famosa do País. Posso já dizer que esta praia tem uma roda gigante situada no seu cais que é maravilhosa. Mas antes de chegar à praia vamos começar por conhecer a cidade de Haia.
Haia

Haia (Holanda)
Haia, é a terceira cidade mais populosa na Holanda, a seguir a Amsterdão e Roterdão.
Em Português podemos designar Haia ou A Haia, eu prefiro a primeira. Haia fica situada na província da Holanda do Sul e encontra-se aproximadamente a 70km de Amsterdão. Apesar de Haia ser a sede do governo da Holanda, esta não é oficialmente, a capital dos Países Baixos, mas é nela que se encontram 104 embaixadas e consulados. Em Haia residem habitantes com mais de 100 nacionalidades.
Falando em números, só os 45 museus e 11km de costa litoral são motivos suficientes para esta visita.
Como então chegar a Haia (a partir de Amsterdão)?
Para quem viaja desde Amsterdão e pretende viajar de transportes públicos a maneira mais prática e rápida de chegar ao centro de Haia é apanhando o comboio com destino a “Den Haag Central”. Este é o nome em Holandês que designa a cidade “Den Haag”, oficialmente é designada por ‘s-Gravenhage. A viagem de comboio dura cerca de 55 minutos e tem como destino final a estação central de Haia. O preço de uma viagem de ida e volta ronda os 20,00€.
Eu e o meu namorado começamos a nossa visita pela cidade, numa segunda-feira, isto significa que a maior parte dos museus encontram-se encerrados. Não conseguimos incluir outras opções no nosso roteiro, porém irei fazer referência a alguns locais históricos pelos quais passamos e que eu penso que merecem o seu destaque.
Por onde começar?
Após a chegada à estação central de Haia, começamos a nossa visita por um dos museus de grande destaque na Holanda e do Mundo: o Museu Louwman. Estamos a falar do museu que abriga a mais antiga coleção privada de automóveis do mundo, compilada por duas gerações da família Louwman. O custo de entrada no museu para adultos é de 16,00€, crianças até aos 5 anos não pagam, dos 5 aos 12 anos só pagam 6,00€ e dos 12 aos 18 anos o preço é de 8,00€, para quem tem o cartão de museus da Holanda a entrada é gratuita.

Louwman Museu (Haia)
O museu remonta a 1934 e agora compreende mais de duzentos e cinquenta automóveis antigos e clássicos. Os conhecedores consideram que é uma das mais belas coleções particulares do mundo. E tendo nós já visitado o Museu DAF ( museu de automóveis em Eindhoven), consideramos esta coleção simplesmente espetacular e nela viajamos durante mais de duas horas. Começamos no ano de 1775 e terminamos em 2013.
O que podemos destacar em mais de um século de preciosidades e relíquias automóveis?
Logo após entrarmos no museu encontramos a bilheteira que serve também como balcão para a loja do museu. Sem portas e nem mais demoras deparamo-nos com um espaço amplo com a primeira exposição de carros temporária da qual se destacam os microcarros.
Este tipo de automóveis representam um veículo prático, pequeno, fácil de manusear, leve e económico.
Os microcarros tal como o nome indica são veículos miniatura leves, geralmente movidos por um motor de motocicleta. Num vídeo apresentado no museu podemos ver as pessoas na sua época a conduzir este tipo de automóvel dentro de edifícios comerciais e até transportá-los dentro de elevadores. Os microcarros funcionaram como um meio de transporte barato na Europa do pós-guerra e foram populares até o início dos anos 60.

Exposição de Microcarros no Louwman Museu (Haia)
A principal atração, o Peel P50 1962, que podemos observar na fotografia acima, está representado na ilha no centro da sala e também na parede, é o menor microcarro já fabricado em todo o Mundo. Tem apenas 132 cm de comprimento, 99 cm de largura e pesa apenas um pouco mais do que eu, 59 quilos.
Nesta mesma sala, o elevador transporta-nos para o primeiro andar onde se encontra a maior parte das exposição de carros, logo no início do percurso pelo primeiro andar deparamo-nos com algo familiar, no sentido patriótico, pois à nossa frente estava uma traquitana portuguesa com mais de 200 anos que nunca foi restaurada, data a 1775. Olhar para ela é como viver a sua história.

Traquitana Portuguesa de 1775 — Louwman Museu (Haia)
Enquanto esta traquitana denota claramente a passagem do tempo, por outro lado um dos carros mais icónicos do museu dá nas vistas pela sua cor viva.

Peugeot — tipo 126 (1910) — Museu Louwman (Haia)
Este é um dos carros mais fotogênicos do museu, em parte devido à sua cor amarela brilhante e detalhes em latão. O logotipo da Peugeot no radiador é formado no estilo de “Art Nouveau”. Aproximadamente 350 exemplos desse tipo foram produzidos no ano 1910.
Também foi neste ano que foi produzido o carro que eu considerei o mais original do museu e uma verdadeira obra de arte, O Brooke Swan Car — O Carro Cisne.

Carro “Brooke Swan” — Louwman Museu (Haia)
Infelizmente pela foto não conseguimos perceber os detalhes minimalistas mas tudo foi pensado ao pormenor, deste os manípulos da porta em forma de peixe, os espelhos laterais que também contêm cisnes, as escovas presentes nos pneus que limpavam os mesmos com o carro em andamento até as lâmpadas elétricas nos olhos do cisne que brilham misteriosamente no escuro. Foi uma criação do excêntrico e rico escocês Robert Nicholl ‘Scotty’ Matthewson. A carroçaria representa um cisne a deslizar pela água. A traseira é decorada com um desenho de flor de lótus com acabamento em folha de ouro, um antigo símbolo da sabedoria divina.
Como é que o “Brooke Swan Car” chegou ao museu louwman?
Robert Matthewson vendou a sua criação uma família que o possuiu durante mais de setenta anos. O carro foi descoberto anos depois no seu estado original, embora em condições precárias. Em 1991, passou a ser do Museu Louwman e foi totalmente restaurado encontrando-se totalmente operacional. Em 1993, o Swan ganhou o Prêmio Montagu no prestigiado Pebble Beach Concours d’Elégance, na Califórnia.
E após um passeio neste preciosos cisne, agora voamos cerca de 50 anos para o “espaço” e sem dúvida para um veículo a quatro rodas num estilo verdadeiramente radical.

Cadillac Conversível (1959) — Museu Louwman (Haia)
Apresento o Cadillac Conversível que tem os tailfins (estabilizadores que se usam nas asas dos aviões e foram representados em carros) mais altos já vistos em um carro de produção de série. O carro é incrivelmente comprido o que o torna ainda mais espetacular. A moda das “barbatanas” literalmente e fisicamente atingiu seu auge em 1959. Era a característica suprema da “Era Espacial”, quando o desenvolvimento e a ascensão de caças e foguetes influenciaram muito o design de bens de consumo.
Do espaço voamos até 1964 para encontrar uma autêntica bomba do alcatrão. Para encontrar o lendário: Aston Martin, eternamente ligado ao James Bond, Sean Connery. Este é o original Aston Martin DB5 que o agente secreto James Bond utilizou para realizar sua missão no filme “Goldfinger”.

Aston Martin DB5 — Museu Louwman (Haia)
Este Aston Martin possui, entre outros, os seguintes gadgets:
- Duas metralhadoras atrás dos indicadores dianteiros.
Uma tela à prova de bala para proteger a janela traseira.
- Uma bomba de óleo montada na parte traseira para criar uma superfície escorregadia para os perseguidores.
- Um assento ejetor para se livrar de passageiros indesejáveis.
Não sei se consigo encontrar palavras suficientes para descrever este carro e este museu mas deixo aqui mais algumas fotografias das suas exposições.

Exposição de diversos automóveis — Museu Louwman (Haia)
A nossa viagem terminou num enquadramento do século passado com pequenas lojas, oficinas de carros e um restaurante decorado com um avião no teto.

Área de restauração -Museu Louwman (Haia)
Duas horas depois de volta à realidade e ao século XXI estava na hora de embarcar noutra viagem mas antes fomos conhecer o centro da cidade.
A nossa viagem continua na parte número dois deste artigo “Descobrindo Haia — Parte II”.

Comentarios