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À Descoberta de Groningen - Uma das cidades mais a Norte dos Países Baixos  

Alexandra Calado

Atualizado: 27 de ago. de 2023


Groningen (Países Baixos)


Os dias soalheiros decidiram apresentar-se dizendo adeus aos dias chuvosos e frios que aqui nos Países Baixos são tão bem conhecidos. E foi dessa forma que nós, um casal jovem oriundo de Portugal, partimos mais uma vez à descoberta dos Países Baixos. Ao leme do bom tempo, fomos em busca de uma nova aventura a cerca de 150km de Amsterdão, desta vez para conhecer a cidade de Groningen.


Localizada no norte, a província de Groningen cuja capital tem o mesmo nome, a maior cidade do norte dos Países Baixos dá-nos as boas vindas, depois de cerca de duas horas e trinta minutos de viagem a bordo de um comboio. Aquela que é a cidade com maior percentagem de estudantes do País, recebeu-nos na sua belíssima estação dotada de uma beleza arquitectónica impressionante. Depois de admirar esta bela construção, seria difícil de acreditar que há pouco mais de um século esta estação, hoje construída numa mistura de elementos renascentistas e góticos e eleita em 2019 como a estação mais bonita dos Países Baixos, tenha sido um mero edifício de madeira.


Estação de Groningen


Estação de Groningen  —  Groningen (Países Baixos)


Hoje esta construção dá-lhe a vida que outrora lhe faltou e por falar em vida, é precisamente a cerca de 200m, que se encontra, eu diria, o museu cujas cores vivas se destacam mesmo num dia soalheiro. O Museu Groninger, impossível de passar despercebido e edificado sob o canal que atravessa a cidade, é na verdade a ponte que liga a saída da estação para a entrada no centro onde toda a magia acontece. Porém, ainda não vos vou levar lá. Primeiro, vamos conhecer o Museu Groninger.


Museu Groninger

Museu Groninger — Groningen (Países Baixos)


O museu mais icónico de Groningen foi inaugurado em 1874. As suas cores impossíveis de passar despercebidas e a sua escada em espiral estiveram na mão de três arquitetos que remodelaram o museu e conceberam o resultado que vemos hoje, deveras impressionante. A sua arquitetura dá-nos a indicação que a visita a este museu será tudo menos monótona.


Um museu futurista com exposições de moda, design, arte moderna e contemporânea e história local que vale a pena visitar. Tire pelo menos uma hora e trinta minutos para admirar cada uma das suas exposições dotadas de componentes interativos, tanto áudio como visuais. O custo de um bilhete para visitar este museu é de 15€ por adulto sendo que menores de 18 anos, portadores do cartão de museu e inclusive estudantes da cidade não pagam a entrada.


Museu Groninger— Groningen (Países Baixos)


Museu Groninger — Groningen (Países Baixos)


O museu alberga inúmeras pinturas dos artistas da De Ploeg fundada em 1918— uma das sociedades amantes da arte mais antiga dos Países Baixos. Os membros incluem principalmente pintores, porém, músicos e escritores também foram membros do Groninger Kunstkring De Ploeg.


Segundo os fundadores o objetivo seria aproximar os artistas de Groningen e promover a vida artística de todas as maneiras.

O Museu Groninger permite levar a experiência mais além e por isso mesmo, desenvolveu rotas a pé ou de bicicleta que passam especificamente pelos locais nos quais estes artistas costumavam desenvolver a sua arte, discutir ideias ou simplesmente desfrutar da natureza. Para as rotas de bicicleta está disponível uma aplicação que mostra o caminho e oferece informações detalhadas, como fotos do passado, pequenas anedotas, fragmentos de música e informações históricas de fundo. Estas rotas variam desde os 50km a 160km. Esta ideia, eu diria, foi muito bem concebida permitindo uma experiência ao ar livre que complementa a visita ao museu. Infelizmente devido ao tempo limitado na cidade, não foi algo que tivemos a oportunidade de vivenciar mas fica a dica.


Museu Marítimo do Norte

Embora não pudéssemos seguir estas rotas designadas seguimos outra rota, que nos levou a conhecer melhor a vida de dois artistas visuais (destacados no Museu de Groninger) e fundadores do De Ploeg, os pintores George Martens e Alida Pott. O primeiro familiarizado com a pintura e navegação marítima desde a sua infância pintou principalmente navios embora também tivesse pintado paisagens urbanas, conheceu e casou também com a artista visual conhecida pelas suas colagens que se destacaram em muitos dos seus trabalhos, Alida Pott. E a rota que nos levou a conhecer melhor a história da vida destes dois pintores foi precisamente a bordo de um navio, que pertencera a George e que nomeara de Alida como demonstração do amor que nutria pela sua mulher. E foi assim que quando demos por nós, estávamos a bordo deste navio para mais uma aventura no Museu Marítimo de Groningen (em Holandês, Noordelijk Scheepvaartmuseum).

Museu Marítimo do Norte — Groningen (Países Baixos)


O museu foi oficialmente inaugurado em 1932 e é composto por dois edifícios com exposições vastas e impressionantes baseadas na estória da construção naval e da importância da navegação na província de Groningen.


Museu Marítimo do Norte — Groningen (Países Baixos)


A construção do interior dos edifícios foi elaborada com madeira de alta qualidade, dando a sensação de estarmos efetivamente no interior de um navio. Por toda a atmosfera proporcionada, foi uma das coisas que mais apreciei na visita a este museu. O museu marítimo fica a cerca de dez minutos de distância a pé a partir do Museu Groninger. A entrada é gratuita para os portadores do cartão de museu. Os preços de entrada para os visitantes variam entre os 8€ para adultos e 4,50€ para idades compreendidas entre os 7 e 21 anos e séniores com 65+.


Grote Markt

Depois de uma manhã agitada e repleta de cultura desembarcamos de volta ao centro da cidade, não demorou muito até sermos surpreendidos pelo maior mercado que já vi nos Países Baixos, denominado Grote Markt. O mercado mais completo que já vi, onde o peixe e os legumes ganham destaque no seio de tantas ofertas. A fotografia que tirei foi apenas uma amostra de uma pequena parte reservada para floristas. Este mercado está localizado na praça mais emblemática da cidade que ao longo dos séculos tem sido palco de todos os eventos festivos e solenes na cidade universitária.



Grote Markt — Groningen (Países Baixos)

A praça é dominada pela câmara municipal e pela famosa Torre Martini (Martinitoren), a torre mais alta da cidade com 96,8m de altura, também outrora denominada como Old Grey One. A torre é conhecida pela sua vista deslumbrante para a cidade mas não é só isto que a torna especial mas o fato de nos últimos quinhentos anos ela ter-se mantido firme, após várias guerras, incêndios e relâmpagos, algo simplesmente incrível. A torre manteve-se firme e será que o mesmo se pode dizer de quem sobe os seus duzentos e cinquenta degraus? Pois esse é o número que tem que se subir para conseguir ver o céu. Eu disse que esta torre era dura de roer. O preço para uma vista de cortar a respiração é de 7,50€ para maiores de 12 anos e de 4€ para idades compreendidas entre os 4 e 11 anos.

Podemos claramente afirmar que este é um centro histórico animado, principalmente aos sábados onde centenas de pessoas fazem questão de testemunhar toda a ação que acontece na sua praça mais famosa. Edifícios históricos, muitas lojas e opções de restaurantes não faltam, neste que eu diria ser, um dos centros históricos mais famosos dos Países Baixos.


Mais do que uma cidade animada : Um refúgio na natureza


Natureza circundante a Groningen (Países Baixos)


Não obstante, Groningen não é só agitação, o nosso alojamento para o fim de semana ficava situado apenas a cerca de 4km do centro da cidade, sendo o local perfeito para recarregar energias e desfrutar do que a natureza tem de melhor. Libelinhas azuis e vermelhas, gansos, sapos, andorinhas e diversos tipos de aves coabitam para lá da vista da janela daquele que foi o nosso quarto.


Groningen (Países Baixos)


O canto dos pássaros, a biodiversidade, a vista incrível e a proximidade com a natureza foram o cocktail perfeito para uma estadia memorável neste hotel. A natureza circundante é banhada nas suas margens pelo lago Hoornsemeer, onde uma floresta, um cais (onde é possível praticar desportos náuticos) e pequenas penínsulas com vistas de cortar a respiração para o lago compõem a paisagem.


Lago Hoornsemeer — Groningen (Países Baixos)


A cereja no topo do bolo — Hortus Haren


Embalados pelo que a Natureza tinha para nos oferecer em Groningen, não deixamos de reservar o nosso último dia para uma visita ao Hortus Haren, facilmente acessível de carro ou transporte público, a partir da estação central de Groningen por intermédio do autocarro 51.


Hortus Haren — Haren (Países Baixos)


Hortus Haren é um jardim botânico criado em 1626 pelo farmacêutico Henricus Munting, hoje em dia está na posse da Universidade de Groningen e depende de mais de cem voluntários universitários para o manter. Este jardim anteriormente localizado noutro endereço em Groningen, mudou-se para Haren em 1967 e tornou-se no maior jardim botânico do País com 20 hectares. A diversidade neste jardim é garantida, já para não falar na beleza dos seus jardins.


Em Haren, poderá encontrar inúmeros tipos de jardins nos 20 hectares dentro do Hortus, incluindo um jardim de plantas selvagens, Jardim de rosas botânico, Jardim Branco, Jardim de Pedras, Jardim Celta e o emblemático Jardim Chinês com a sua autêntica Casa de Chá Chinesa, entre muitos outros. Com tanto que seria possível destacar, vou fazer referência aos dois jardins que me marcaram mais nesta visita: o Jardim de Pedras e o Jardim Chinês.

Jardim de Pedras

O Jardim de Pedras fica situado no topo de uma colina adjacente ao jardim Chinês, sendo impossível ficar indiferente ao subir o topo desta colina, repleta de várias espécies de flores e inúmeros pinheiros que me transportaram de imediato para o Algarve (Portugal) pelo seu cheiro inconfundível. Do seu topo, por entre os pinheiros, as pedras e as flores, ali estava ela, uma vista lindíssima para o lago e os diversos jardins.


Hortus Haren — Haren (Países Baixos)


A estrela do Hortus Haren — Jardim Chinês

Jardim Chinês — Hortus Haren (Países Baixos)


Este foi sem sombra de dúvidas o meu Jardim de eleição. O jardim com rochas dentadas simboliza o Universo e a forma como foi elaborado permite vivenciar as fantasias e ilusões evocadas por este jardim Asiático. Gostaria que as minhas fotografias falassem por mim.


Jardim Chinês — Hortus Haren (Países Baixos)

Não é por acaso que ao visitar este jardim somos transportados para a China, quer seja pelos seus caminhos misteriosos, pavilhões, lagos, cascatas como também pelas cores e cheiros oriundos das inúmeras plantas, flores e árvores asiáticas, das quais se destacam as lindíssimas glicínias, magnólias, acer , peónias e jasmim. Os jardins considerados os mais belos da China (Suzhou), serviram de inspiração e modelo para a construção deste jardim, planificado pelo arquiteto de Shanghai e construído por chineses com materiais autênticos da China, tudo cogitado para proporcionar uma verdadeira experiência luxuosa digna de um jardim asiático.

O pavilhão que vemos na seguinte fotografia é na realidade a Casa de Chá — também designada “Choro do Dragão” — nome derivado às cabeças de dragão esculpidas na madeira que a compõe. A Casa de Chá, é hoje em dia um local reservado para casamentos, festas e reuniões. A vista para o lago que a rodeia é absolutamente incrível.


Jardim Chinês — Hortus Haren (Países Baixos)


Groningen (Países Baixos)

E foi neste cenário digno de sonhos e com um pôr do sol estonteante que nos despedimos de Groningen, com a promessa de voltar para descobrir, quiçá, outros lugares, tão ou mais fascinantes como este, pois a aventura e descoberta estarão sempre de mãos dadas connosco.

Até à próxima viagem.


 






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Sobre mim

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Apaixonada pelo mundo, pela vida, poesia e fotografia.

 

Autora dos livros de poesia:

Jardim da Minha Alma publicado pela PoesiaFãClube e Rota das Andorinhas.

 

© 2023 por Alexandra Calado. 

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